Assim que você acorda, pega o seu celular. Olha as mensagens do WhatsApp que recebeu durante a noite, abre o Instagram. Se distrai olhando a vida de pessoas que você não conversa há meses, talvez anos. Checa algumas notícias que você está acostumada a ver todos os dias.
No trabalho, fica presa entre e-mails e chats corporativos e entre uma tarefa e outra uma nova espiada nas suas redes sociais. Será que tem algo interessante no Twitter?
Assiste um vídeo do TikTok e envia a alguns amigos pelo WhatsApp. Você está entediado e vai assistir um filme e descansar. O celular do lado. Não passou ainda nem 10 minutos de filme, já está com o celular na mão conversando com alguém. Quando percebe, adormeceu no sofá com o celular na mão.
É fácil perder horas da nossa vida só rolando pelos feeds, sem tirar nenhum tipo de proveito disso. Também não significa que não podemos ter um tempo à toa, mas será que não estamos utilizando de forma equivocada o nosso tempo?
De acordo com estudos, o brasileiro, em regra, passa uma média de 03h46 minutos conectado às redes sociais por dia.
Isto não acontece apenas com você. É algo generalizado e talvez esta situação te incomode ou não. Afinal, há quem não esteja incomodado com o fato de não conseguir passar algumas horas do dia desconectado.
Porém, se este não é o seu caso, vale a pena investigar o motivo de você querer se desconectar e o porquê de precisar estar sempre com o celular na mão.
O tempo de tela já é considerado um vilão na sociedade, e há muitas notíciasnegativas culpando a quantidade de tempo que gastamos nos dispositivos por absolutamente tudo, desde redução da atenção até depressão e ansiedade.
Todavia, há um conjunto crescente de evidências sugerindo que reduzir o tempo de tela não tornará uma pessoa mais feliz, e que o uso geral dos aparelhos eletrônicos não é um indicador confiável de nenhum desses aspectos.
Considerando isto, a análise é pessoal.
Você sente que está dependente desta ferramenta? Você se sente desesperado quando percebe que deixou o celular em casa, mesmo que você volte para lá em pouco tempo?
Você tem o costume de checar o WhatsApp a cada cinco minutos – mesmo que não tenha recebido qualquer mensagem – ou perde o foco de qualquer coisa que esteja fazendo quando chega uma notificação.
Todos os seus assuntos giram em torno do Instagram: suas referências de moda, beleza, restaurantes e até atualizações sobre a vida de amigos e conhecidos.
Talvez você esteja realmente viciado e talvez isso esteja te incomodando.
Então, que tal, tentar criar alguns mecanismos para uma relação mais saudável e feliz com seus aparelhos e a internet?
Porque, talvez, o que você precise não seja desconectar-se 100%, mas apenas aprender a lidar com isso de forma mais saudável.
Então, em primeiro lugar: se questione!
Um estudo feito pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em 2019 descobriu que a quantidade de tempo que os adolescentes passaram usando dispositivos digitais teve pouco impacto na saúde mental deles.
O problema não é necessariamente a quantidade de tempo que gastamos no telefone, mas sim o que estamos consumindo.
Certamente, desde 2019 o cenário mudou, uma vez que com a Pandemia e odistanciamento social dela decorrente, acentuaram um estilo de vida extremamente digital e vista a partir das telas das redes sociais.
Sem as interações sociais e físicas, o que antes era contado em uma mesa de bar, em um jantar entre amigos ou em uma pausa para o café no trabalho passou a ser transmitido pelo filtro das mídias. E eles não contam a história inteira.
Tal situação, além de todo o problema evidente da Pandemia, ainda trouxe vários distúrbios relacionados à saúde mental, como ansiedade, depressão, isolamento, etc.
O uso da Internet não é perigoso, mas deve ser usado com sabedoria, principalmente entre os adolescentes.
Pensar cuidadosamente sobre como a maneira que você consome vídeos no TikTok e analisa feeds de notícias impacta o seu bem-estar geral e pode ajudá-lo a identificar se há razões efetivas para parar de acessar esses aplicativos e evitar que você acabe fazendo mudanças radicais desnecessárias.
As vezes não é a tecnologia que é o problema, as vezes pode ser a pessoa que está do outro lado, com quem você está conversando e interagindo.
Aprenda a estabelecer limites, tanto de tempo quanto de conteúdos que consome e pessoas que você estabelece conexões.
Esta situação também se aplica ao trabalho.
Constantemente somos sugados pelo volume de trabalho e passamos a viver apenas em função dele. Esquecemos das outras áreas da nossa vida – igualmente necessárias – e de desconectarmos um pouco.
Estar no modo offline não é somente estar desconectado do mundo digital, mas de todo este ciclo de afazeres que envolve o digital.
Na era do trabalho remoto, em que muitas vezes, trabalhamos pelo próprio celular, não sabemos mais distinguir o que é lazer de trabalho. Não existe mais um momento para cada situação: tudo está misturado.
Não sabemos qual a melhor estratégia para quebrar o ciclo irracional de dependência de estar sempre conectado, mas trouxemos aqui algumas dicas para você que se vê neste ciclo:
1) Busque maneiras de diminuir o tempo desnecessário online: se você não está mais trabalhando ou não precisa utilizar da tecnologia naquele momento, procure outra atividade desvinculada do celular;
2) Tente colocar horário para os seus afazeres e foque 100% no seu trabalho somente no período estipulado para tanto;
3) Quebre o ciclo de checar seus aplicativos a toda hora: não utilize suas redes como maneira de tirá-lo do tédio ou como forma de fugir dos seus afazeres;
4) Se questione o porquê de sentir a necessidade de checar as redes sociais a todo momento e o motivo pelo qual quer saber o que está acontecendo no Instagram ou outras redes.
Romper com o mal-estar associado ao consumo compulsivo de notícias ruins requer uma reflexão cuidadosa, mas é possível. Falar com algum profissional sobre o assunto também pode ser de grande valia.
Nós sabemos que os dias parecem cada vez mais curtos e sentimos que precisamos de mais horas para conseguir dar conta de tudo, mas tente estabelecer prioridades e separar um período do seu dia totalmente desconectado do trabalho e do digital.