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Como ter um trabalho com mais significado?

Como ter um trabalho com mais significado?

“Os dois dias mais importantes em sua vida são o dia em que nasceu e aquele em que descobriu por quê”, já dizia Mark Twain, escritor, humorista e pensador americano do século 19. Vivemos em tempos que exigem de nós um entendimento, cada vez maior, de por que fazemos as escolhas que fazemos. É normal, por exemplo, a gente não se contentar mais apenas com o retorno material que o trabalho nos proporciona. Ele precisa ser mais do que isso: é necessário nos trazer uma realização pessoal e, sobretudo, uma vida com mais propósito – aquilo que buscamos para alcançar uma satisfação como seres humanos. Ou seja, queremos algo que esteja amplamente conectado com nossos valores e com a possibilidade de reconhecimento, quer no ambiente corporativo, quer nas relações pessoais.

O filósofo e educador brasileiro Mario Sérgio Cortella traz uma dupla definição oportuna do termo “realização” que nos ajuda a entender essa dinâmica de trabalho e vida pessoal. Do latim, entendemos realização como “tornar real”, ou seja, compreender nossa existência a partir do que fazemos, da marca que deixamos no mundo. Já do inglês (to realise) temos uma interpretação relacionada à consciência, ao “dar-se conta de algo”. Vivemos a era da consciência, do propósito, em que, mais do que habilidades e conhecimentos técnicos, o mercado de trabalho busca nos profissionais inteligência emocional. E isso se expressa em criatividade, em empatia e na capacidade de dar sentido e significado a produtos e serviços. 

Essa é a tônica dos tempos atuais, não só na esfera profissional mas na vida que levamos todos os dias. “Mas e se mesmo assim não consigo identificar do que gosto ou o que tenho a oferecer? Quais são minhas paixões e meus talentos?” Uma forma simples de exercitar esse hábito é passar a identificar e reconhecer as boas coisas da vida, começando sobretudo pelos pequenos prazeres. Por trás deles podem estar escondidos possíveis talentos e paixões. Por exemplo: o que pode estar por trás do cheirinho de café logo cedo? Uma forma de aprofundar essa reflexão é fazer o mesmo exercício identificando as frustrações do cotidiano: primeiro as próprias, depois as dos outros, e a partir daí conseguimos enxergar necessidades, lacunas, que são possíveis espaços de atuação profissional. 

Cruzando as duas reflexões (prazeres e frustrações) conseguimos entender em que medida nossos talentos e paixões podem atender às necessidades do outro e do mundo e, nesse momento, vamos ficar mais próximos do pensamento aristotélico citado anteriormente. Afinal de contas, apenas gostar do que se faz não traz a satisfação plena, se ninguém mais se interessar ou se beneficiar daquilo. 

O economista Muhammad Yunus, criador do microcrédito, define esse estado como a suprafelicidade (super happiness). Portanto, quanto maior nosso autoconhecimento, maior nossa sensibilidade e capacidade de servir a interesses maiores do que apenas os nossos e, portanto, de sermos mais felizes. O autoconhecimento nos proporciona sair do “piloto automático”, que nos distancia de nós mesmos e não nos torna autores de nossos feitos, mas meros reprodutores. Uma pessoa consciente das razões pelas quais faz o que faz é mais eficaz e motivada. Construir uma carreira com significado é, de certa maneira, empreender a si mesmo. É criar condições para que a vida profissional contribua para a realização de nosso propósito maior. Lembrando que, para alcançar isso, não basta apenas a paixão pela sua atividade, mas também o sentido do que você faz para o outro e para a sociedade, tudo na justa medida. 

*Texto original da revista Vida Simples. 

Abraços Ligia Bueno

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